Padroeira

História

Santa Terezinha do Menino Jesus

Aos olhos menos atentos, ela não fez nada de extraordinário, e é verdade, do mesmo modo que muitos outros Santos e Santas que a Igreja lembra e homenageia. Mas aí é que reside o mérito deles. Fizeram da sua vida comum, uma vida exemplar, uma vida santa! E assim foi a vida de Santa Terezinha, que hoje lembramos com carinho e devoção.
A francesa Marie Françoise Thérèse Martin, nasceu no dia 2 de janeiro de 1873, em Alençon, na França, filha do ourives Luis José Estanislau Martin e da artesã Zélie Guéri.
Era a caçula de uma família com nove (9) filhos: Maria Luisa, Maria Paulina, Maria Leônia, Maria Helena (faleceu aos 4 anos e meio de idade), José Maria Luis (faleceu aos cinco meses de vida), José Maria João Batista (faleceu antes de completar nove meses de nascimento), Maria Celina, Maria Melânia Teresa (falecida aos três meses de idade) e ela, Terezinha.
Quando nasceu, era muito franzina e doente, exigindo constantes cuidados, mas revelava-se marcada pelo senso de amor, pelo semblante de serenidade e pelo contentamento de sua alma com a grandeza de Deus. Ainda muito criança já pensava na idéia de ser religiosa, para a alegria de sua mãe, mas para o desconsolo de seu tio Isidore Guérin (seu futuro tutor).
Em agosto de 1876, a Sra. Zelie toma conhecimento de que padece de um câncer. Quando ela falece, o Sr. Martin para aproximar as filhas da família materna, resolve mudar-se para Lisieux. Todas as tardes, Teresinha e seu pai, o senhor Louis Martin, costumavam passear: faziam visitas ao Santíssimo, cada dia em uma nova igreja. A prematura morte de sua mãe, quando ela tinha 4 anos fez com que ela se apegasse a sua irmã Paulina, que elegeu para sua “segunda mamãe”. No dia 2 de outubro de 1882, Paulina entra para o Carmelo. Ela foi a primeira das irmãs a entrar no Carmelo e isso, para Teresinha, parecia uma provação maior que suas forças. Paulina a consolou e explicou com muita ternura qual era o caminho desejado por Deus para ela.
Todas as quintas-feiras a família ia visitá-la e Teresinha, que costumava conversar intimamente com a irmã, agora só conseguia 2 ou 3 minutos no final da visita, ficava chorando e acabava saindo com o coração dilacerado. Perto do fim deste ano, ela acabou ficando muito doente: havia momentos em que fazia coisas sem pensar, parecia estar quase sempre delirando, dizia palavras sem sentido e, freqüentemente, parecia desmaiada, sem fazer o mais leve movimento. O pai encomendou uma novena de missas a Nossa Senhora das Vitórias para sua cura. Acometida por essa estranha doença, foi curada não por intervenção médica, mas a partir de uma visão de Nossa Senhora, que lhe sorriu.Teresinha sentiu, então, que o Carmelo era o lugar onde Deus também a queria. Curada pela “Virgem do Sorriso”, imagem da Imaculada Conceição que seus pais tinham afeição, tomou uma forte resolução de entrar para o Carmelo.
Entrou para ser aluna na Abadia das Beneditinas de Lisieux, e lá permaneceu por cinco anos, porém após sofrer muitas humilhações, de lá saiu e passou a receber aulas particulares.
Quase ao completar 14 anos, no Natal de 1886, Teresa passa por uma experiência que chamou de “Noite da minha conversão”. Ao voltar da missa e procurar seus presentes, percebe que seu pai se aborrece por ela apresentar comportamento infantil. A menina decide então a renunciar a infância e toma o acontecido como um sinal inspirador de força e coragem para o porvir.
Ingressando no Carmelo…
Inclinada por temperamento à calma e a uma certa melancolia, Thérèse com lindos olhos azuis, cabelos louros, traços delicados, alta e extraordinariamente bonita, quando escrevia no seu diário “Oh! Sim, tudo me sorrirá aqui na terra”, era uma época em que estava experimentando injustiças e incompreensões.
Seis meses depois, Teresa decide que quer entrar para o Carmelo de Lisieux (Ordem das Carmelitas Descalças). Como a pouca idade a impede, é levada por familiares, em novembro de 1887, para uma viagem à Itália para pedir autorização ao Papa. Durante a viagem, ela conhece diferentes paisagens e pessoas, inclusive alguns sacerdotes. Nesse momento ela se conscientiza o quanto eles precisam de orações, pois são homens frágeis e que tem a vocação de conservar o sal destinado às almas! Em audiência com o Papa Leão XII, tem a resposta: “entrareis se Deus quiser”.
Teresinha reza em todos os momentos, sejam eles de alegria ou de tristeza. Antes mesmo de entrar no Carmelo, ao ouvir falar de um conhecido criminoso chamado Pranzini e da sua condenação à morte, ofereceu sacrifícios, missa e orações por ele. Antes de ser condenado, Pranzini agarrou e beijou três vezes um crucifixo. Para Teresa, esse foi um sinal de sua conversão.
Depois de um tempo, ela escreve novamente ao Papa que, após dias de espera, declara que ela pode entrar para o Carmelo ao fim da quaresma. A esperada entrada ocorreu em 9 de abril de 1888. Fez sua profissão religiosa, em 8 de setembro de 1890, e tomou o nome de Thérèse de l´enfant Jesus et de Sainte Face, mas carinhosamente chamada pelos franceses após sua morte como Thérèse de Lisieux. Todo mistério da vida de Cristo encontramos na vida de Teresinha. Seu nome é expressão deste mistério: “do Menino Jesus”, demonstra a delicadeza e a simplicidade; “da Sagrada Face”, a dor, o sofrimento, as dificuldades pelos missionários.
Santa Teresinha teve tuberculose, uma doença que lhe trouxe sofrimentos horríveis. Houve momentos, inclusive, que se sentiu abandonada por Deus. A madre superiora, certa vez, mandou que ela caminhasse e tomasse sol para ajuda-la a melhorar. Isso, na verdade, lhe fazia sentir dores por todo corpo. Mesmo assim, Teresa fez toda uma volta no claustro do convento. Quando sua enfermeira chegou e viu o que acontecia, lhe questionou: “Teresa, mas o que estás fazendo?” A resposta é reveladora: “Eu estou caminhando por um missionário.” Ninguém deu muita atenção. Com o tempo, descobriu-se que um missionário, na Índia, nestes mesmos dias, teve problemas com seu carro. Para resolvê-lo, teve que andar 20 quilômetros a pé; contudo, não sentiu cansaço.
Este é uma dos testemunhos do processo de canonização da santa – é um dos milagres de Teresinha, que mesmo atingida pela tuberculose pulmonar, debilitada nas forças, não rejeitava trabalho algum e continuava a “jogar para Jesus flores de pequenos sacrifícios”.
Após seis anos na ordem, em 1894, almejando o caminho da santidade, Teresa percebe que não o conseguiria pela mortificação, disciplina e sacrifício observadas pelos santos a quem se dedica a estudar. Inspirada nas palavras de um padre, Teresa adota a “Pequena Via”, um caminho pequeno e reto para a santidade, que consiste simplesmente em se entregar ao amor de Jesus Cristo, para que Ele conduza pelo caminho.
Faleceu em 30 de setembro de 1897, com apenas 24 anos. Disse, na manhã de sua morte: “eu não me arrependo de me ter abandonado ao amor”. No dia 4 de outubro de 1897, foi sepultada no cemitério de Lisieux.
Sua obediência era a prova de que se fazia a menor entre as menores. Sua irmã, Paulina, também carmelita, publicou em 1898 os escritos autobiográficos de Santa Teresinha, intitulados “História de uma alma”. Ficou conhecida pelo seu amor ao Menino Jesus, seguramente pelo que escreveu nos seguintes termos: “Eu havia me oferecido a Jesus Menino como um brinquedo, e lhe havia dito que se servisse de mim não como uma coisa de luxo, que as crianças se contentam em guardar, mas como uma pequena bola sem valor, que ele pudesse jogar na terra, empurrar com os pés, deixar em um canto, ou também apertar contra o coração, quando isso lhe agradasse. Numa palavra queria divertir o Menino Jesus e abandonar-me aos seus caprichos infantis.”
No dia 17 de maio de 1925, Teresinha foi canonizada pelo Papa Pio XI. O mesmo Papa a declara Patrona Universal das Missões Católicas em 14 de Dezembro 1927. Por ocasião da celebração do Centenário de sua morte, em 19 de Outubro de 1997, o Papa João Paulo II a declarou “Doutora da Igreja”.
Que significa a “chuva de rosas”?
Santa Teresinha ficava encantada com as rosas. Sua vida estava acabando e sabia que não havia feito mais que começar enquanto se dispunha a entrar na vida eterna com Deus.
Ela explicava que “Depois de minha morte, farei cair uma chuva de rosas”, dizendo que proporcionaria uma chuva de favores e benefícios, para que possamos amar mais a Deus.
Que é o pequeno caminho?
A mensagem que Teresinha quer transmitir é que a espiritualidade é simples e a chama de “pequeno caminho”.
Isto é, ela nos ensina que Deus está em todas as partes, em toda situação, em toda pessoa e nos pequenos detalhes da vida.
Seu “Pequeno Caminho” nos ensina que é necessário fazer coisas habituais da vida com extraordinário amor. Um sorriso, uma chamada ao telefone, animar uma pessoa, sofrer em silêncio, ter sempre palavras otimistas e tantas outras ações feitas com amor.
Estes são os exemplos de sua espiritualidade. Uma pequena ação feita com amor, é mais importante que grandes ações feitas para a glória pessoal. Teresa nos convida a unir-nos a sua infância espiritual, isto é, ao seu “Pequeno caminho”.
A Padroeira das Missões
No dia 14 de dezembro de 1927, o Papa Pio XI proclamou “Santa Teresa do Menino Jesus padroeira principal de todos os missionários, homens e mulheres, e de todas as missões existentes em toda a terra, com São Francisco Xavier e com todos os direitos e privilégios que convêm a este título”.
Teresinha nada realizou que merecesse aplausos do mundo. Não fundou mosteiros como Teresa d’Ávila, nem foi viver no meio dos leprosos como Francisco de Assis. Deus a convidou a realizar miudezas, coisas insignificantes. Deu-lhe a missão de nos lembrar o valor dos “pequenos nadas”.
Chamou-a para que ela nos revelasse a estrada do abandono em Suas mãos. E Teresinha não decepcionou o seu Bem-Amado. Ela nos mostra o quanto é salutar aceitarmos nossos próprios limites e assumir a nossa pequenez, sem nos envergonharmos de nossa humanidade. Nada há de extraordinário na vida dessa monja. O que há de especial em Teresinha é a simplicidade com que amou a Deus.
Nunca deixou o seu Carmelo para ir evangelizar em terras distantes, embora tenha acalentado o sonho de ir para o Oriente e ali viver sua vocação ao amor. Seu desejo de ser missionária era tão intenso que chega a confessar que não desejava sê-lo somente durante alguns anos, mas desde a criação até a consumação dos séculos. Além do mais afirma que uma só missão não lhe bastaria. Manteve correspondência com dois missionários, a quem extravasava seus ideais de partir em missão.
O ardor missionário de Teresinha se manifesta no seu zelo em salvar almas, isto é, conduzir as pessoas a Deus, fazendo-as cientes do quão são amadas pelo Senhor Misericordioso. Sua missão é fazer Deus amado, adorado, por seu amor, por sua bondade. No Carmelo compreendeu que sua missão era “fazer amado o Rei do céu, submeter-lhe o reino dos corações…”
Teresinha amplia o conceito de missão, levando-nos a compreender que, pela oração, também podemos nos tornar missionários. A oração é o sustento da ação missionária. A eficácia da evangelização depende da união com Deus. O trabalho de um apóstolo será mais eficaz se ele for um contemplativo. Um contemplativo será tanto mais autêntico quanto mais apostólica for sua intenção.
Neste sentido, Teresinha foi uma apóstola, uma autêntica missionária pois ajudou, pela oração e por sacrifícios, os missionários, participando de seus trabalhos através de seu coração solidário, sedento de conduzir as pessoas ao conhecimento do amor misericordioso de Deus.
Para a Padroeira das Missões, a oração é uma arma invencível que Jesus lhe deu para tocar as pessoas. Muito mais que as palavras, a oração sensibiliza, testemunha, conforta e transmite esperança. Nossa vida de oração poderá estimular a santificação das pessoas através da atenção aos sinais da presença de Deus nos acontecimentos. A Santa de Lisieux nos ensina por sua vida que a contemplação é o alicerce da missão. É necessário cultivar uma espitualidade substanciosa, radicada no Evangelho, marcada pela necessidade de estarmos na presença de Deus numa atitude de adoração e escuta. Missão que não é sedimentada na oração não oferece resultados.
Santa Teresinha, padroeira das missões, intercede junto a Jesus por todos os missionários e missionárias, por aqueles que deixam suas famílias para anunciar o Evangelho em terras distantes. Para que possamos entender que todo cristão é chamado a ser missionário em sua própria família, em sua escola, em seu trabalho. Anunciar, evangelizar, espalhando a boa notícia de Jesus é tarefa de todos!
A santa das Rosas
Por que Santa Teresinha é conhecida mundialmente como “A Santa das Rosas”?
No dia 11 de março de 1873, não sabendo mais o que fazer para curar sua pequena Thérése de uma atroz gastroenterite, Zélie Martin resolveu ir a Sémaillé, um vilarejo próximo a Alençon, à procura de uma senhora chamada Rose Taillé para ser a ama-de-leite de sua caçula.
Assim, de 16 de março de 1873 a 2 de abril de 1874, Teresa viveu nesse lugar onde os habitantes tinham um belo costume: presentearem-se, por qualquer motivo, com flores. É provável que a precoce convivência com esses odores tenha acendido em nossa santa uma paixão que jamais a abandonará: as flores, especialmente as rosas.
Em carta à sua prima Maria Gurérin, escrita no dia 18 de agosto de 1887, Teresinha vai afirmar seu amor pelas rosas: “Amo tanto uma bela rosa branca, quanto uma rosa vermelha”.
Sentia-se feliz quando podia lançar pétalas de rosas para o alto quando passava o ostensório com o Santíssimo Sacramento. Madre Inês, sua irmã de sangue, relata que, no dia 14 de setembro de 1897, Teresinha ganhou uma rosa e a desfolhou sobre o crucifixo de forma muito carinhosa. Algumas pétalas caíram no chão da enfermaria. Muito seriamente, a santa teria afirmado: “Ajuntai bem estas pétalas, minhas irmãzinhas, elas vos servirão a dar alegrias, mais tarde… Não percam nenhuma…”
Seu prazer era atirar flores no grande crucifixo do pátio do Carmelo. Gostava de cobrir o seu crucifixo de rosas de forma muito cuidadosa, afastando as pétalas murchas. No entanto, não lançava flores em ninguém. Madre Inês conta que certa vez colocou-lhe rosas nas mãos, pedindo-lhe que as atirasse em alguém, como sinal de afeto. A santa recusou-se a fazê-lo. Ela só desfolhava e lançava rosas para seu amado Jesus.
Santa Teresinha aproveita a imagem da rosa para explicar um elemento importante de sua “Pequena Via”: “Compreendi que o brilho da rosa… não tira o perfume da pequena violeta… Compreendi que, se todas as florzinhas quisessem ser rosas, a natureza perderia seu enfeite primaveril…” Por isso, ela conclui, Deus criou” os grandes santos que podem ser comparados…. às rosas”. No jardim da vida há lugar para as humildes flores, as frágeis violetas, que não possuem o vigor e o perfume das rosas, mas mesmo assim enfeitam o mundo. As rosas são os gigantes da fé. As violetas são as almas pequenas que trilham o pequeno caminho.
Quem tanto amava as rosas, vai prometer, quase ao fim da vida, que fará chover rosas sobre o mundo. Com esta promessa estava se prontificando a interceder pela humanidade junto a Deus. Haveria de conseguir muitas graças e bênçãos junto ao Pai. Após sua morte os milagres irão se multiplicar. Ela prometeu continuar sua missão no céu, trabalhando para o bem das almas e não frustrou os que confiam em sua oração. Ainda hoje são muitos os relatos de curas, milagres e conversões realizados por intermédio da humilde carmelita.

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