domingo, 1 de maio de 2011

"Papódromo: ruínas que servem para a criminalidade"

"Moradores dizem que há tráfico de drogas no local e pedem que espaço seja transformado em área de lazer"
Ele foi especialmente construído para receber o papa João Paulo II em Alagoas, na segunda visita que a maior autoridade religiosa do mundo fez ao Brasil. Em 19 de outubro de 1991, o Estado ergueu uma espécie de altar a céu aberto, com vidros blindados, grade de proteção e dezenas de bancos para que os católicos pudessem assistir a missa que seria realizada por João Paulo II. Todavia, 20 anos depois, o cenário no local é de completo abandono. As celebrações religiosas e os cânticos de louvor deram espaço à criminalidade. Os moradores lamentam o descaso do poder público.

Oficialmente ele ainda se chama Espaço Cultural Papa João Paulo II e está instalado no bairro do Trapiche da Barra. Ficou mais conhecido como papódromo porque recebeu a visita do papa João Paulo II, na época em que o Brasil era presidido por Fernando Collor de Mello (PTB). Na ocasião, milhares de fiéis se concentraram no local e se emocionaram ao ver Vossa Santidade abençoando terras caetés tão de perto. A missa teve como tema "Trabalho e Moradia".
Entretanto, os anos se passaram e o papódromo deixou de ser atração, tanto para o governo, quanto para os próprios moradores. No local, lixo e inseto se misturam e dão cobertura aos bandidos que praticam o tráfico de drogas e fazem uso de maconha e crack na frente de crianças em plena luz do dia. Lá também virou banheiro ‘público’.
“Uma sala construída embaixo do palco se tornou ponto de usuário de drogas e de tráfico também. Isso é um perigo principalmente para as crianças, que podem ser aliciadas a qualquer momento. Mas, infelizmente não podemos fazer nada. Se falarmos alguma coisa, podemos morrer. E ainda tem gente que chega aqui para fazer suas necessidades ogânicas e nem se importa que alguém veja”, desabafou uma moradora da favela Muvuca que não quis se identificar.
Isaura Pedro, de 42 anos, também moradora da mesma favela, revelou que, além de espaço para drogas, o papódromo esconde ainda criminosos. “Isso se tornou escoderijo de bandidos. Já presenciei muitas vezes meliante entrar aqui fugindo da polícia”, disse ela, que tem um filho e um neto e acha que o espaço deveria ter se transformado numa igreja.
Moradores querem área de lazer

Por estar localizado nas proximidades de várias favelas de lona, que num contra-censo fica num dos mais bonitos cartões-postais de Alagoas, a lagoa Mundaú, a região é desprovida de espaços de entretenimento para diversão dos moradores. Ao longo das margens lagunar, apenas algumas quadras de esportes de cimento.
“É muito triste ver um local desse em estado de destruição. O Estado ou a Prefeitura deveriam transformar essa área num grande espaço de cultura e lazer. Tenho três filhas pequenas e falta lugar para elas brincarem”, contou a dona-de-casa Elenilda Maria dos Santos, de 38 anos.
“Estamos numa área carente, onde mora gente carente. Nossas crianças brincam sobre entulhos e lixo e os governos poderiam trabalhar para reverter esse quadro. Deveriam criar um grande espaço de lazer e promover um projeto de conscientização junto aos moradores para que eles não joguem mais lixo no local”, defendeu Francisco Zacarias, de 24 anos.
E ele foi mais crítico do que as colegas. “Político aqui só em época de eleição. Eles vêm fazem promessas e vão embora. Moro aqui há uma década e todo ano é assim. Acho que nunca mais veremos esse espaço revitalizado”, lamenta ele.
Ruínas
E o cenário para quem quiser conferir pessoalmente choca. O palco foi quase todo destruído, os vidros quebrados, as paredes já não existem mais, assim como as grades de ferro.
Os bancos de concreto foram arrancados e não há mais qualquer espaço para sentar. “Está literalmente em ruínas”, lamentou Isaura Pedro.
No que você acha que deveria ser transformado o Papódromo?
Numa área de lazer.39%
Numa igreja. 61%
Matéria feita pela GazetaWeb no dia 26.01.2011 as 16h31
http://gazetaweb.globo.com/v2/noticias/texto_completo.php?c=222708





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